Por Rudinei Andrioli - http://www.linkedin.com/pub/rudinei-andrioli
Por mais que se tente analisar os
métodos de garantir a qualidade de um processo de maneiras distintas
entre Sistema de Gestão e Controle da Qualidade, quase sempre acabamos
por concluir que o controle não atinge o grau de melhoria desejado por
apenas servir como um ponto de contenção de falhas, mas pouco ou nenhuma
ação para evitar sua ocorrência futura. Ao passo que a gestão foca em
administrar de forma sistêmica a qualidade de modo a evitar que a falha
ocorra, mas quando a falha ocorre o sistema contribui pouco ou nada para
a contenção antes que a falha afete o cliente final.
Se colocarmos mais um fator de análise
nesse contexto? A qualidade aplicada ao serviço! Desse prisma o processo
de controle da qualidade se torna um pouco mais complexo e altera a
definição que muitos acreditam ser correta “controle da qualidade serve
para evitar que a falha atinja o cliente”. Bom, algumas vezes, o fluxo
de um processo de serviço tem várias interfaces com o cliente,
isso quando não está 100% do tempo ligado ao cliente, assim sendo se
torna ineficaz tentar ações de contenção, mais ainda assim o controlar a
qualidade é necessário.
Em diversos núcleos de discussão em
relação à qualidade há sempre quem defenda a aplicação de gestão da
qualidade em detrimento do controle da qualidade, assim como os que
julgam que a gestão da qualidade não é capaz de evitar o prejuízo no
cliente e, portanto, o controle da qualidade é mais eficaz. Mas é no
cenário citado acima como fica?
Em serviços na maior parte das vezes
precisamos aliar gestão e controle e fazê-los trabalhar como um único
método. O controle da qualidade tem de servir, além de tudo, como um
medidor da eficácia do sistema de gestão, e este deve servir como
atuador primário sobre os apontamento gerados pelo controle da
qualidade.
No ano de 2014 trabalhamos em um projeto
que ilustra bem a situação em questão. Realizamos a reimplantação de um
sistema de gestão da qualidade (ISO 9001), que pelo fato de estar em um
segundo ciclo de certificação, teve sua demanda (ou expectativa)
aumentada pelo cliente, o que normalmente ocorre quando a empresa está
comprometida com o sistema.
O fato é que mesmo com a revisão de
todos os processos, documentos, realização das auditorias, realimentação
do cliente, registros e treinamentos; a qualidade ainda não era
entendida como um diferencial da empresa. Tudo corria bem, mas o cliente
final não percebia o diferencial do processo de qualidade.
Tivemos então a ideia de aplicar
técnicas de controle da qualidade dentro dos indicadores do sistema de
gestão da qualidade: chamado de controle de cadeia de serviço.
Controlando a qualidade em todas as fases do negócio e gerando
indicadores para atuação dentro do sistema de gestão.
Assim o projeto foi implantado de modo a controlar:
- Relação comercial – requisitos de negócio, atendimento, comunicação, interface e informações para outras áreas;
- Operação – prazos de atendimento, cronograma de execução, comunicação com o cliente, documentação e instrução ao pessoal interno e interface com outras áreas;
- Recursos Humanos – Comportamento dos recursos humanos aplicados na execução de cada serviço;
- Áreas de apoio – acionamento e atendimento executado pelas áreas de apoio em cada serviço;
- Fiscal – controle de documentação legal emitida/recebida, critérios para aceitação de documentação fiscal e liberação fiscal do serviço;
- Financeiro – liberação de verbas operacionais, pontualidade no processo de faturamento e critério de recebimento de documentação operacional;
- Cliente – percepção do cliente em cada serviço executado;
Todos esses pontos são medidos diariamente, registrados e os desvios são tratados de forma imediata.
Os resultados do controle de qualidade
são apresentados em reuniões gerenciais que ocorrem mensalmente, assim
como o indicador geral de qualidade de serviço.
No geral isso exemplifica um projeto de
agregação de valores entre controle e gestão, onde a gestão é medida por
sua capacidade de impedir que falhas ocorram e o controle é medido por
sua capacidade de gerar dados e impedir que a falha passe sem ser
percebida.
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